Salvem os Caboclos de Julho



Data magna da Bahia e dos baianos. Poemas de Castro Alves. Feriado em todo o Estado da Bahia de acordo com o Artigo 6º da Constituição Estadual, promulgada em 5 de outubro de 1989. Enfim, o dia 2 de Julho é a festa cívica mais importante nas terras baianas. E também, dia de saudar o Caboclo e a Cabocla, os símbolos do povo nas lutas travadas entre 1822 e 1823 para expulsar as tropas portuguesas que não reconheciam a Independência do Brasil e a autoridade do Imperador Dom Pedro I. Não foi à toa que na Marquês de Sapucaí, a Estação Primeira de Mangueira em seu desfile campeão, citava e cantava na letra do samba, "Salve os Caboclos de Julho".

Entre os personagens clássicos Dom Pedro I, Dona Leopoldina, o General Labatut, a sóror Joana Angélica, Lord Cochrane, Maria Quitéria que explicam e dão sentido às comemorações, as figuras do Caboclo e da Cabocla revestem-se além de importância histórica e assumem relevância religiosa. Os fieis adeptos do Candomblé e da Umbanda, rezam, agradecem por graças alcançadas e oferecem frutas às entidades. Melão, mamão, uva, banana para Meu Lindo e Minha Linda, como este blogueiro já presenciou uma devota senhora exclamar ao chegar defronte às imagens feitas no século XIX.

Anualmente, a equipe do restaurador Dirson Argolo passa os dias anteriores à festa no Pavilhão da Lapinha, onde as imagens ficam guardadas, limpando-as e restaurando-as para o desfile pelas ruas do Centro Histórico, Avenida Sete de Setembro e Campo Grande. Desfile com a presença da Marinha, do Exército, da Aeronáutica, bandas de colégios, filarmônicas de várias cidades baianas e uma multidão de gente do povo.

O Caboclo e a Cabocla de Julho possuem até um figurinista. João Marcelo Ribeiro, artista plástico que há alguns anos exerce a tarefa, declarou que este ano, os trajes seriam em azul para fugir do tradicional verde e amarelo, homenagear a cor da bandeira da cidade do Salvador e ao orixá Ogum.


Por Paulo de Tarso


Fotos Tarso Marketing








Ode ao Dous de Julho

Castro Alves


Era no Dous de Julho. A pugna imensa
Travara-se nos cerros da Bahia...
O anjo da morte pálido cosia
Uma vasta mortalha em Pirajá.
"Neste lençol tão largo, tão extenso,
"Como um pedaço roto do infinito...
O mundo perguntava erguendo um grito:
'Qual dos gigantes morto rolará?!..."

Debruçados do céu... a noite em os astros
Seguiam da peleja o incerto fado...
Era a tocha - o fuzil avermelhado!
Era o circo de Roma - o vasto chão!
Por palmas - o troar da artilharia!
Por feras - os canhões negros rugiam!
Por atletas - dous povos se batiam!
Enorme anfiteatro - era a amplidão!

Não! Não eram dous povos, que abalavam
Naquele instante o solo ensanguentado...
Era o porvir - em frente do passado,
A liberdade - em frente à escravidão,
Era a luta das águias - e do abutre,
A revolta do pulso - contra os ferros,
O pugilato da razão - contra os erros,
O duelo da treva - e do clarão!...

No entanto a luta recrescia indômita...
As bandeiras - como águias eriçadas -
Se abismavam com as as asas desdobradas
Na selva escura da fumaça atroz...
Tonto de espanto, cego de metralha,
O arcanjo do triunfo vacilava...
E a glória desgrenhada acalentava
O cadáver sangrento dos heróis!...

Mas quando a branca estrela matutina
Surgiu do espaço... e as brisas forasteiras
No verde leque das gentis palmeiras
Foram cantar os hinos do arrebol,
Lá do campo deserto da batalha
Uma voz se elevou clara e divina:
Eras tu - Liberdade peregrina!
Esposa do porvir - noiva do sol!...
Eras tu que, com os dedos ensopados
No sangue dos avós mortos na guerra,
Livre sangravas a Colúmbia terra,
Sangravas livre a nova geração!
Tu que erguias, subida na pirâmide,
Formada pelos mortos de Cabrito,
Um pedaço de gládio - no infinito...
Um trapo de bandeira - n'amplidão!...


S. Paulo, Julho de 1868
Publicado no livro Espumas Flutuantes: poesias de Castro Alves









Hino Ao 2 de Julho 
(Hino Oficial do Estado da Bahia)

Letra de Ladislau dos Santos Titara 
(Dias d'Ávila, Bahia 1801 - Rio de Janeiro, 1861)

Música de José dos Santos Barreto


Nasce o sol a 2 de julho
Brilha mais que no primeiro
É sinal que neste dia
Até o sol é brasileiro 

Nunca mais, nunca mais o despotismo
Regerá, regerá nossas ações
Com tiranos não combinam
Brasileiros, brasileiros corações 

Nunca mais, nunca mais o despotismo
Regerá, regerá nossas ações
Com tiranos não combinam
Brasileiros, brasileiros corações
Com tiranos não combinam
Brasileiros, brasileiros corações 

Cresce, oh!
Filho de minha alma
Para a pátria defender
O Brasil já tem jurado
Independência, independência ou morrer 

Nunca mais, nunca mais o despotismo
Regerá, regerá nossas ações
Com tiranos não combinam
Brasileiros, brasileiros corações 

Nunca mais, nunca mais o despotismo
Regerá, regerá nossas ações
Com tiranos não combinam
Brasileiros, brasileiros corações
Com tiranos não combinam
Brasileiros, brasileiros corações 

Salve, oh! Rei das campinas
De cabrito a pirajá
Nossa pátria hoje livre
Dos tiranos, dos tiranos não será 

Nunca mais, nunca mais o despotismo
Regerá, regerá nossas ações
Com tiranos não combinam
Brasileiros, brasileiros corações 

Nunca mais, nunca mais o despotismo
Regerá, regerá nossas ações
Com tiranos não combinam
Brasileiros, brasileiros corações
Com tiranos não combinam
Brasileiros, brasileiros corações



Leia também:

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Comentários

  1. Muito lindo espetáculo! Castro Alves nosso amado poeta, sempre bom ler suas poesias.

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  2. 👏👏👏👏👏👏👏 Bela cobertura !!!

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  3. Castro Alves, grande poeta nacionalista, orgulho para a Bahia! Bela cobertura do 02 de Julho, parabéns!

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