Viradouro de alma lavada na Sapucaí e em Itapuã também!
A Unidos do Viradouro, vice-campeã do carnaval carioca, divulgou a sinopse do enredo para 2020. O enredo, inspirado nas Ganhadeiras de Itapuã, de autoria dos carnavalescos Marcus Ferreira e Tarcisio Zanon, marca a estreia da dupla na agremiação.
A Vermelho e Branco de Niterói desfilará na Marquês de Sapucaí em fevereiro de 2020 com 6 setores e 6 alegorias.
Eis a sinopse:
Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos do Viradouro
Carnaval 2020
Viradouro de alma lavada
Sou Maria… De paixão vermelha, céu de nuvens brancas dos santos anjos… De Xindó, a alma cafuza, do pai pescador e mãe lavadeira. Alma que se une às escravas, caboclas e crioulas numa rede de sentimentos que emanam o mesmo ideal: a luta pela alforria do povo negro. Trago a memória ancestral de outras Marias da minha pequena Itapuã. A Itapuã do mar aberto, leito para a mística doçura do Abaeté.
A aurora do dia reflete o ouro nas águas escuras da Lagoa, águas circundadas por dunas de finas areias brancas. No alvo véu da noiva, a comunhão das lavadeiras que ouvem cânticos lendários que vêm à tona das profundezas. À sombra do angelim, as sacerdotisas do sol ensaiam cantorias adocicadas por cachundés e guajirús. Varais de resistência cruzam as restingas no quarar das impurezas de seus senhores.
No mar, a simplicidade no ganho de outras heroínas. Jangadas e saveirinhos repletos de feitorias por sereia-rainha que oferta o quinhão (xaréu, robalo, guaricema e peixe-galo). O marear das ondas preludia o balé das redes ao compasso feminino das puxadas. Cantos bravios que amenizam o peso de contínuos caminhos traçados. Areais testemunhos de grandes lições de vida que, caladas, alcançaram o pecúlio familiar.
Terreiros da Baixa do Dendê revelam o preparo do ganho. Nas malhadas, a secura dos pescados, a colheita do plantio, o preparo do quitute e o manejo das artesãs. A Bica de Itapuã foi o principal ponto de encontro do Bando das Ganhadeiras. Ópera negra do mercadejo: dos banhos sem pudor, dos negros camarás e da comunhão das escravas em torno da compra de suas alforrias.
À beira-mar, um farol vermelho e branco de luz poente ilumina o livre caminhar. De pés cansados, agora calçados. Punhos cerrados, enfeitados com joias de crioula. Mulheres que não se curvaram e hoje cantam a sua liberdade. Saias de roda para sambar; samba de areia para cirandar. Nas cheganças, a negra dança ao som malê. Atabaques que unem Orun – Ayê. Pedra que ronca ao vento que balança. Mergulho profundo de peito aberto no samba de mar aberto.
Águas que purificam a lavagem das escadarias de Nossa Senhora da Conceição – nossa devoção! Mãe da Mãe que desata todos os nós. Fé que emana romarias ao mar: escadarias, pétalas em flor e o cheiro da aroeira. Irmandades remontam a festejos passados na Festa da Baleia. O sagrado abraça a matriz sob o véu que descortina a igualdade.
Donas do meu carnaval!
Maria da Paixão dos Santos Anjos ou Maria de Xindó.
(Lavadeira e uma das matriarcas do grupo musical as Ganhadeiras de Itapuã. Viradourense de coração, nascida em 1946 – Ano de fundação da Unidos do Viradouro.)
Marcus Ferreira, Tarcísio Zanon e Igor Ricardo (Pesquisa, Desenvolvimento e Texto);
Henrique Pessoa (Revisão textual).
Viradouro Carnaval 2020
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