Delegado e Dionísio

 

Dois mestres da arte da dança. Uma arte que durante o desfile do carnaval reveste-se de tamanha importância que explica a razão de ser um quesito. Hélio Laurindo da Silva (1921-2012), o Delegado, o mestre-sala que além do domínio dos passos e de fazer o cortejo à porta-bandeira era exímio em obter notas dez. Foi a única nota que recebeu dos jurados nos desfiles da Estação Primeira de Mangueira entre 1948 e 1984. Manoel Dionísio, teve uma trajetória diferente. Nascido em Além Paraíba, município de Minas Gerais na divisa com o Estado do Rio de Janeiro, aos 8 anos de idade foi morar na então Cidade Capital do Brasil e uma década depois era um dos Dragões da Independência, a unidade do Exército responsável pela guarda do Presidente da República. Com quase três anos de vida militar, decidiu ser um dos discípulos da bailarina Mercedes Baptista e ao retornar da Alemanha, décadas depois, criou a Escola de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, centro onde são revelados e lapidados talentos que nos dias do reinado de Momo serão os destinatários dos mais entusiasmados aplausos e elogios.

São estes dois membros da mais alta relevância cultural os personagens de Delegado & Dionísio: vidas em passos de arte, obra que está sendo relançada na quinta-feira, 14 de novembro, às 19 horas na recém-criada Academia Brasileira de Artes Carnavalescas, situada no centro do Rio de Janeiro, na rua do Ouvidor, que de tão emblemática já foi enredo na Sapucaí pelo Salgueiro, a escola do coração do Mestre Dionísio. Sérgio Gramático Júnior, o autor do livro, graduou-se em Jornalismo com monografia sobre Maçu, o primeiro mestre-sala da Mangueira e em História, com monografia sobre Manoel Dionísio. Gramático Júnior também é um Mestre. Em História, Política e Bens Culturais pela Fundação Getúlio Vargas com dissertação intitulada O samba contando a história republicana do Brasil. .